Especial
   
 
   

Nos negócios, uma mulher determinada, forte e de grande bom senso

Patrícia Gonzalez


Beatriz Rosa Sanchez de Larragoiti Lucas sempre foi uma mulher à frente de seu tempo, no melhor estilo das que unem competência à sábia intuição feminina. Bisneta do fundador da SulAmérica, o espanhol D. Joaquim Sanchez de Larragoiti e filha de Antonio Sanchez de Larragoiti Jr. Com a Sra. Mercedes Roses Rigalt, ela assumiu o leme do grupo em 1982 e, com apenas sete anos de atuação no mundo dos negócios, revelou-se uma estrategista de primeira linha. Foi sob seu comando que a SulAmérica retomou a liderança do mercado segurador brasileiro e redesenhou seus novos caminhos.

Aos cinqüenta anos, toda a experiência profissional de D. Beatriz se resumia às atividades como intérprete em reuniões patrocinadas pela Unesco, na França, onde vivia com o seu marido, Jean Claude Lucas. Mas, diante da doença de seu pai, retornou ao Brasil para dar continuidade, ao lado de sua irmã, D. Ema Sanchez de Larragoiti de Pourtalès, ao processo de sucessão da família Larragoiti à frente da SulAmérica. Apesar dos poucos conhecimentos do mercado segurador, juntas, as duas irmãs enfrentaram com grande sabedoria os desafios que se apresentavam.

 
   

Atuante, D. Beatriz - sempre apoiada em suas decisões por D. Ema, que a ajudou a determinar os grandes caminhos a serem seguidos pela SulAmérica - participou de forma significativa em todos os grandes processos relevantes para o grupo. Os conselhos dos mais experientes eram muito bem recebidos, mas as decisões realmente importantes levaram a sua assinatura.

Gostava de conhecer todos os processos e procurava saber tudo o que acontecia na companhia. Além das conversas constantes com os principais executivos, D. Beatriz apreciava muito o contato com os demais funcionários. Com um jeito doce, mas firme, sempre foi muito querida não só pela sua amabilidade, mas também em função da política constante de bem-estar sempre proporcionada pela SulAmérica aos seus colaboradores, aliada à grande preocupação com as questões sociais do país.

No relacionamento com os demais agentes do mercado, estava sempre presente nos eventos promovidos pela SulAmérica para os corretores de seguros, sobretudo nos encontros anuais organizados pela companhia, onde estreitava o seu relacionamento com os principais parceiros de vendas da seguradora.


   


Foto: Arquivo SulAmérica


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Sucessão


Visionária, D. Beatriz sempre acreditou que, a longo prazo, o mercado segurador brasileiro teria grandes perspectivas de crescimento. E foi a partir de sua crença no futuro promissor do setor, sobretudo dos negócios da SulAmérica, que ela preparou seu filho, Patrick de Larragoiti Lucas, para comandar o grupo em seu lugar.

O assunto sucessão, tal como ensinado por seu pai, sempre foi considerado prioridade máxima para esta mulher de personalidade marcante, constantemente preocupada em elevar cada vez mais a qualidade dos serviços da SulAmérica. Nesse sentido, D. Beatriz incentivou muito a boa formação de seu sucessor. Patrick percorreu todos os degraus de carreira na SulAmérica até chegar a diretor, vice-presidente e presidente da companhia e do Conselho Executivo.

Apesar de todo este empenho, D. Beatriz sempre teve consciência da necessidade da profissionalização da SulAmérica. Na sua avaliação, um familiar só deveria ocupar funções na companhia se fosse capaz de executar um bom trabalho.

Atuante, ela participou de forma significativa de todos os grandes processos relevantes para o grupo. Os conselhos dos mais experientes eram bem recebidos pela bisneta do fundador da SulAmérica, mas as decisões realmente importantes para a companhia levaram a sua assinatura. Nos últimos anos, ela ocupava o cargo de integrante do Conselho de Administração da SulAmérica Capitalização.

 
   


Em família, o ícone da união

Na vida pessoal, D. Beatriz era uma mulher elegante, discreta, muito alegre e que sabia selecionar bem os eventos que gostaria de freqüentar. Privilegiava o contato com os familiares e amigos nos fins de semana em vez das grandes badalações e tinha o seu próprio grupo. Para sair dele, era preciso ter um motivo muito grande, conforme lembram seus familiares.

Além de Patrick de Larragoiti Lucas, D. Beatriz teve mais duas filhas: Christiane e Chantal. Assim como os filhos, os sete netos eram sua grande paixão. Durante cerca de 20 anos, manteve a tradição de reuni-los, juntamente com a irmã e os sobrinhos tão queridos, em sua casa de Búzios, para as festas de Natal e Réveillon. A união familiar, sem sombra de dúvida, foi um dos maiores legados deixados por ela.

 

   


D. Beatriz tinha uma alegria contagiante. Fora da vida corporativa, gostava muito de esquiar. Com o marido, aprendeu a esquiar na neve, quando ainda tinha 18 anos. Na água, o professor foi o seu pai, que manteve este hobby até os 77 anos de vida. Ela também adorava sambar. E fazia isso muito bem, segundo Isabelle de Segur, sua sobrinha e amiga. D. Beatriz nasceu no dia 6 de dezembro de 1931 - mesma data em que seu filho, Patrick, também comemora seu aniversário, e, por feliz coincidência, no dia seguinte ao aniversário da SulAmérica.